dimanche, juillet 30, 2006

Da natureza do acaso #1

A chegada de 25 invernos novas experiências são somadas, muitas delas para alimentar minha sanidade mental, ou parte dela. O acaso é que Nick Drake (morto aos 26) cruzou meu caminho e instalou um grande e apertado nó em minha garganta. Ceticismos à parte, a verdade é que por acaso eu acabaria cruzando com ele. Acima do Equador ou em “Uma longa queda” do Nick Horby. Quanta tristeza esperar de quatro suicidas em uma noite de ano novo em Londres? Muita, com certeza muita. O bom do acaso é que não precisa de muita observação. Ele acontece e pronto. Em determinado momento um amigo suicida coloca Nick Drake pra você ouvir e aí... “Cara, parece que o sujeito sintetizou toda a melancolia do mundo, todas as mágoas e todos os sonhos frustrados, e jogou a essência em uma garrafinha e a fechou com uma rolha de cortiça. E quando ele começa a tocar e cantar, ele tira a rolha e dá pra sentir o cheiro. Você fica grudado na cadeira, como se tivesse ali uma parede de barulho, mas não tem – é tranqüilo e você nem quer respirar pra não afastar o clima...”. Para excêntricos: The Royal Tenenbaums, Luke Wilson cortando os pulsos. Porque melancolia e tristeza são bens necessários. E não estamos prontos para morrer, ainda.

lundi, juillet 17, 2006

Nada é o bastante

Já que tenho falado muito sobre nada ultimamente, vou aproveitar o gancho para falar de Nada, una película de Juan Carlos Cremata. Por incrível que pareça não é o tipo de filme que iria para a minha prateleira de filmes cruéis, pelo contrário. Um filme para tocar almas femininas. A heroína, Carla Perez (leve coincidência com nossa nativa bailariana) conserva algo de Amelie Poulain, mas aqui ela é cubana e leva uma vida fodida num país de terceiro mundo comunista. Trabalha em uma agência dos correios e tem como passatempo ajudar pessoas. Ela é neurótica, histérica, se veste mal, mas de imediato é possível se identificar. Para ajudar desconhecidos a viverem um pouco mais felizes ela rouba as cartas da agência e as modifica. Há instantes de alegria, de comédia (muita por sina, beirando a Monty Phyton). Uma Cuba em preto e branco pop, atual e caricatural. Com alguns elementos coloridos e de animação. Trilha sonora fantástica. Vontade de receber uma carta dela. Nada.

vendredi, juillet 14, 2006

Porque alfinetes não são fortes o bastante

Bom chegar em casa levemente bebinha e redescobrir coisas antigas, ou nem tanto, mas que despertam pequenas alegrias. Falo isso pela redescoberta de mais um cd esquecido na prateleira, em especial uma música: What Katie Did, do Libetines. Do tipo que impregna, vontade de ficar cantarolando o dia inteiro. Para os que realmente acreditam que a audição é o melhor dos sentidos...

"..But it's a cruel, cruel world A cruel, cruel world ..."

dimanche, juillet 09, 2006

Alguma certeza deve porém existir

Os grandes espaços de tempo entre os posts são devidos a não ter o que comentar ou contar. É que a maior parte das coisas que acontecem na minha vida ultimamente não são importantes ao ponto de dividi-las nesse espaço. E acabar por fazer com que meus poucos leitores percam parte de seu tempo lendo coisas insignificantes chega a ser constrangedor. Paralisada por falta de assunto. Há poucas horas de ver Tom Zé. Talvez tivesse sido melhor escrever depois, pois assim teria um pouco mais de assunto. Acho que não. Então continuo.
Há algum tempo queria colocar um diálogo de um filme do Antonioni, que faz parte da trilogia da incomunicabilidade (adoro essa palavra-é como se me descrevesse). O filme se chama O Eclipse, que eu não considero o melhor da trilogia. Monica Vitti e Alain Delon numa sequência única e dilaceradora.

"Diga-me uma coisa...acredita que entre nós vai dar certo?
Não sei, Piero.
Aí está, você só sabe dizer 'não sei'. Afinal, por que você está comigo? E não diga que não sabe.
Gostaria de não amar você, ou amá-lo muito melhor."

Sem mais, para quem estiver Pronto Para Morrer (http://prontoparamorrer.blogspot.com) ao novo blog linkado.